Outubro – Mês de prevenção do cancro da mama

Outubro – Mês de prevenção do cancro da mama
11 de Outubro, 2021

Outubro – Mês de prevenção do cancro da mama

Outubro é o mês dedicado à prevenção do cancro da mama, denominando-se por “Outubro Rosa”. Este movimento surgiu nos Estados Unidos, na década de 1990, para sensibilizar a população sobre a importância da prevenção no combate ao cancro da mama. Nesse contexto são promovidas diversas acções durante este mês para sensibilizar e mobilizar a sociedade para a luta contra o cancro da mama.

Sabe-se que o cancro da mama é a segunda causa de cancro em Portugal. É uma doença mais comum nas mulheres (excetuando o cancro de pele), mas que também afecta os homens cujos casos representam cerca de 1% de todos os cancros da mama. É uma doença com um impacto muito importante na sociedade, não só por ter uma frequência elevada, mas por representar uma agressão à imagem de um órgão cheio de simbolismo na maternidade e na feminilidade.

Por ser uma doença multifatorial, já estão identificados vários fatores que aumentam o risco de desenvolver o cancro da mama, no entanto a presença de um ou mais fatores não significa que o cancro irá aparecer, assim como a ausência não elimina o risco. Inclusive a maioria das mulheres que desenvolvem cancro da mama não tem história familiar importante, nem fortes fatores de risco.

A doença pode manifestar-se com sinais e sintomas muito variados. No entanto, é importante referir que algumas mulheres podem não apresentar nenhum   sinal, até porque nos estágios iniciais, a doença é assintomática. Como tal, é fundamental um diagnóstico precoce da doença, que aumentará as hipóteses de sucesso no tratamento. Por esse motivo, o exame de rotina tem a finalidade de encontrar o tumor antes do mesmo causar sintomas.

É importante que cada mulher conheça as suas mamas, sem tabus e tenha o hábito de palpar para poder reconhecer alterações que possam alertar o médico. Nas mulheres que ainda apresentem a menstruação regular, que chamamos de período fértil ou pré-menopausa, a melhor época para procurar alterações nas mamas será alguns dias após a menstruação, quando as mesmas já estarão menos inchadas. Já nas mulheres que não tem mais o ciclo menstrual ou em pós-menopausa, podem fazer o autoexame da mama a qualquer altura do mês.

A mamografia permanece a principal ferramenta de rastreio populacional, tendo demonstrado eficácia na redução da mortalidade e na realização de tratamento conservador, e associado às ecografias mamárias diagnosticam perto de 95% dos casos. Alterações como as microcalcificações agrupadas, somente são evidenciadas na mamografia e que em boa parte dos casos são os sinais mais precoces, frequentemente numa fase prénódulo.

A ecografia complementa a mamografia sendo mais eficiente na diferenciação entre áreas sólidas e quísticas.

A idade ideal para realização da primeira mamografia é aos 40 anos, no entanto em casos específicos, podem ser antecipados. A ressonância magnética pode ser necessário em caso de mamas extremamente densas, ou caso de hereditariedade importante.

Estes exames indicam a necessidade de uma eventual biopsia, que   consiste na retirada de um fragmento do nódulo (tecido mamário suspeito) e posteriormente submetido a um estudo histopatológico, que irá revelar o diagnóstico definitivo, os seus aspetos biológicos, agressividade da doença e em conjunto com outros fatores indicará a conduta terapêutica. Com a confirmação do diagnóstico é fundamental fazer o estadiamento, entendendo a extensão da doença nos linfonodos axilares e em outros órgãos. Para isso pode ser necessário a realização de exames como tomografias, ecografias, cintigrafia óssea, e demais exames necessários para a compreensão da doença.

De uma forma geral, a base do tratamento desta doença passará pela cirurgia, que pode consistir na retirada de toda a mama, chamada de mastectomia radical ou parte dela que chamamos de tumorectomia ou quadrantectomia. Há   ainda a abordagem dos linfonodos pode ser realizada por pesquisa do gânglio sentinela ou por esvaziamento axilar homolateral. Para além disso pode ser prevista a realização de quimioterapia an tes da cirurgia (neoadjuvante) ou após a cirurgia (adjuvante). O tratamento por radioterapia e hormonoterapia complementam o tratamento desta patologia. De ressalvar que o tratamento é individualizado e resultará de um trabalho multidisciplinar de vários especialistas, baseado nas características do tumor em cada paciente, por esse motivo a complexidade destas modalidades não se aplicam a todos os casos.

É importante reforçar que o cancro da mama tem cura, sendo que o seu tamanho e sua agressividade são fatores importantes para definir o tratamento. Por essa razão é fundamental que se realizem exames de rotina anuais.

No Hospital Terra Quente, disponibilizamos a valência de oncologia, sendo uma resposta diferenciada para a região, tanto no diagnóstico como no tratamento desta doença.

“Porque saúde é cuidar, e cuidar é ser próximo”.

Dra. Rosa Vallinoto, médica oncologista

 

in Jornal Nordeste – 5 de Outubro de 2021

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